O Alvo
Estou mirando em um alvo
E sei: vou com certeza falhar
Os olhos estão fixos
O vento sopra calmamente
O arco flexionado pelo braço,
Os dedos firmes e vou errar
A platéia, com milhares de pessoas,
Uma a uma vai embora
O chão é bom, firme, sólido
O barro bem batido,
Mas o alvo
Eu vou errar
Enquanto escuto a música,
O rufar dos tambores,
Minha visão torna-se turva,
Talvez haja barro em meu olhar
Atrás de mim há uma tempestade que passou,
À minha frente,
O alvo,
E depois uma montanha a ser escalada
Sei que mesmo acertando o alvo,
Após já ter atravessado a tempestade,
Eu ainda teria uma montanha para escalar,
Não estou abalado pela montanha,
Muito menos pelo alvo,
A platéia me cheira a ovo podre,
E não me intimida tanto,
Mas se eu acertar o alvo eu sei que mirei errado
Se eu não acertar, também terei errado
Então estou eu aqui parado,
Olhos vidrados, flecha afiada
E enquanto houver uma multidão a me olhar
Meu arco estará flexionado,
Minha flecha apontada,
E a decisão tomada