QUEM SABERÁ ?
Juliana Valis




Nada se retém nas ilusões de outrora,

Meu bem, o tempo é dimensão de enigma

Na proporção do sonho que não perde a hora

Nem vai embora no que a fé consigna...




E tudo se dilui pelos labirintos sós

Do amor, das dores, dos ressentimentos,

Transbordando no âmago de quem somos nós,

Quando a vida nos mostra, além de mil tormentos,

A esperança lídima de um bem veloz,

Como própria foz do sonho em trechos lentos !




Ah, quem saberá decifrar o coração humano ?

Quem ousará, assim, transformar-se no fundo?

No mar do tempo, o mundo é tão insano

Que a dimensão sensível do sol fecundo

Torna-se apenas réquiem de uma paz que clamo.