Contra

Escrevo prosas em versos

Sonetos inacabados

E longe de querer ser correcto

Não sou poeta como se deve

Sou livre de criar

Quando o óbvio cola em meus pés

E arreia as calças que visto

Para rimar em português

Não me oponho à imposição

De quem se acha o deus perfeito

Inventor de regras fartas

De serem levadas a sério

Sem vender nem querer

Faço textos para comer minha fome

Para lá de almejar fama

Assino as poesias com outro nome

De maneira que

Quando me perder em meu registos

Saiba o mundo, ainda que pequeno

Que nada fiz pra ser belo

Eu escrevo pra me aprisionar

Nas cadeias do ar livre

Fugindo o rabo à seringa

Da desmotivação que me vive

Por essa razão

Sou contra quem se contém

Em transportar prum campo aberto

Entre folhas de papéis

Os males que agitam sua calma

O peso que carrega nos ombros da mente

A falta de amor próprio do nada

A simpatia doente

Sou contra quem se comunica

Com palavras amputadas

Com medo de que suas palavras

Sejam vítimas da ignorância de novo

Escrevo para me abrir

E deixo que as frases fujam

Quando demónios neurais

Causam sofreres sentimentais

Há quem não entenda

Mas não é para ser visto

É pedir socorro por escrito

E amar-se por meio disto.

Widralino
Enviado por Widralino em 01/04/2018
Código do texto: T6296480
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