Contra
Escrevo prosas em versos
Sonetos inacabados
E longe de querer ser correcto
Não sou poeta como se deve
Sou livre de criar
Quando o óbvio cola em meus pés
E arreia as calças que visto
Para rimar em português
Não me oponho à imposição
De quem se acha o deus perfeito
Inventor de regras fartas
De serem levadas a sério
Sem vender nem querer
Faço textos para comer minha fome
Para lá de almejar fama
Assino as poesias com outro nome
De maneira que
Quando me perder em meu registos
Saiba o mundo, ainda que pequeno
Que nada fiz pra ser belo
Eu escrevo pra me aprisionar
Nas cadeias do ar livre
Fugindo o rabo à seringa
Da desmotivação que me vive
Por essa razão
Sou contra quem se contém
Em transportar prum campo aberto
Entre folhas de papéis
Os males que agitam sua calma
O peso que carrega nos ombros da mente
A falta de amor próprio do nada
A simpatia doente
Sou contra quem se comunica
Com palavras amputadas
Com medo de que suas palavras
Sejam vítimas da ignorância de novo
Escrevo para me abrir
E deixo que as frases fujam
Quando demónios neurais
Causam sofreres sentimentais
Há quem não entenda
Mas não é para ser visto
É pedir socorro por escrito
E amar-se por meio disto.