Beijo solar
Ando com uma sombrinha
Para alimentar meu desejo que chova, amor
Com minhas lentes arranhadas vejo sua ausência de dor
Alguém caminha e corre
Se esforça e torce o pé
Usa a mesma cara lavada
Como se a ninguém causasse dor
Lembro da maciez das suas mãos
Que estendidas me pediram atenção
E que fechadas apunhalou meus olhos até que não fosse capaz de ver a minha própria beleza
Fez-me crer inteira, que jamais faria morada em outro coração
Hoje, me parto como taças de cristais com o resto de um bom vinho apreciado sozinho
Lanço esperança no vento
Peço aos mares que com sua inquietação, arraste para as profundezas a reza pra Iemanjá
Tenho gente minha embaixo da terra
No verde da floresta e no alto mar
Deslizo suavemente meus olhos para outras bocas desejosas do meu beijo solar