CRISTO
Amém
Desde criança aprendi a dizer
A me ajoelhar perante um altar
Com uma imagem de gesso
Pregada numa cruz
Enquanto ao redor
Há outras imagens sorrindo
Com crianças no colo
O amanhã é incerto
Os olhos veem apenas o agora
O medo e a fome me rondam
Penso na África toda hora
Ás vezes eu me sinto numa colina de tormento
Onde corvos giram ao meu redor
Parece um dia de terror
Oh, Cristo!
Bom amigo
Somos duas almas solitárias
Vejo tuas mãos ensanguentadas
E uma lagrima na tua cara
Que pinga por toda humanidade
Cristo, tu és mito?
Cristo, porque eu existo?
Dá-me uma prova que existe
E por que eu existo?
Não sou blasfemo
Digo apenas o que penso
Não era assim que fazias?
Dizia o que sentia por dentro
E ao teu redor, juntava almas perdidas naquele templo