HABEAS PAZ!
Se observo o horizonte
Nas auroras das manhãs...
Tudo além do meu alcance
É meros vôos de afãs!
Abro as asas à liberdade
De poder sobrevoar
As tão duras realidades:
Vidas a perambular.
Nos cenários agiotas
Construídos a prestação...
Lanços as asas de gaivota!
Sem nunca tocar o chão.
Tangencio as liberdades
Todas elas amputadas!
Sigo sempre na ansiedade
De as ver recuperadas!
Minhas asas assustadas
Pairam em qualquer lugar
Voo raso em disparada...
Fujo para não chorar!
Faço verso abandonado...
Ninguém ouve o meu voar!
Por um céu ora nublado
Busco o sol a madrugar.
Acelero as minhas cordas
Pulso célere coração...
É como se dar mil cordas
Ao relógio da emoção.
Habeas ao tempo que só corre...
Assustado em ficar!
Habeas ao tudo que socorre
O poder de acreditar!
No perene "tic -tac"
Habeas a vida a merecer!
Num tempo de malandragem
Habeas ao tudo a se perder!
Sobrevoo todas as causas...
Que consigo alcançar
Lanços as asas, puxo as cordas
Para poder nos resgatar!
Então verso ao universo
De mistério; e em redenção
Busco a rima dum anverso...
Todas elas em oração.
Habeas às vidas renegadas!
Habeas às tantas solidões!
Habeas às sinas tão furtadas!
Habeas às todas gerações.
Habeas ao corpo abandonado!
Habeas ao solo desnutrido!
Habeas aos rios assoreados!
Habeas ao tudo apodrecido!
Habeas ao ventre alvejado
Habeas a flor nem nasceu!
Habeas ao tudo planejado
Habeas a voz que arrefeceu.
De repente eu perco a rima
Minha asa é alvejada
Com correntes nos meus versos
Amanheço enclausurada...
Ressuscito em pleno voo
Ganho Habeas à poesia!
E por todo o meu entorno
Solta a voz à revelia!
Habeas ao tudo que não pode
Se vivido em comunhão!
Habeas ao corpo que prossegue
Desvalido de atenção!
Habeas também ao futuro
Que esqueceu de acontecer
Ao presente tão escuro...
Que se nega a crescer!
Habeas à fraternidade,
Habeas ao uno alvorecer!
Habeas à toda verdade!
Ocultada em “parecer”.
Habeas à toda justiça!
Ora presa em aflição...
Habeas à toda esperança
Algemada em enganação!
De repente amanhece
E ao todo do horizonte...
Eu termino a minha prece
Habeas fé!- ao meu alcance.
Então subo aliviada
Qual gaivota que perfaz
Sacro voo em liberdade...
Por um céu em Habeas Paz.
Obs: quem dera chegassem meus versos a "nós de Direito" e a quem de DEVER...DE OFÍCIO.