Voo

E hoje a maior questão de todas:

Para onde vão os poemas

Se ao se querer fugir dos problemas

As palavras não resolvem nada?

A expressão me silencia

Ainda sou metade

Do homem que se constrói com os tombos

Feridas da verdade

Mesmo quando mais aberto

E praticante da partilha

Arrisco a ter medo

De perder o entendimento

De forma simplista

À vida confesso meus terrores

O desentreter da angústia

Pena que a vida não é a vida

São os olhos do vento

O coração dum espaço intacto

A encher meus devaneios

Ao pé da janela aberta

O tempo passa e eu sei nada

Apenas isso, envelheço sem querer

Queria divertir-me

Acabei por escrever

Não como forma de lazer

Oxalá pudesse ser

A mente convida os dedos à acção

Voo preso na gaiola

Os problemas dos 23

A juventude senil

A deficiência em entender a morte

Mas voo, apesar de tudo

Escrevo para nada

Deve ser para aí então

Que voam as folhas digitais

De cada escrita canção.

Widralino
Enviado por Widralino em 17/03/2018
Código do texto: T6282279
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