E há um rio
Pelo qual corre
Em turbilhão medolho
Todas as consequências
Daquelas coisas que não foram ditas...

E a sua água tem o gosto de uma lágrima,
E a sua cor, clara, esfuma a vista,
E não mata nenhuma sede...

E não encontra o mar,
Por que é feito de desencontros,
E nunca pára de correr...

E o rio cai no firmamento
E sobe para o próximo mundo
ocupando aquele espaço fecundo
Levando nossas desventuras não ditas,
Que acabam virando estátuas de pedra,
ou pérolas de ostras,
ou mémorias de velhas,
senhoras,
deitadas na sombra
das suas vidas,
vazias
sentidas
e encabuladas
das coisas não ditas...

E Morrer é só saudade!