A porta dos prazeres...

A porta dos prazeres, imensa...

Mas já antecipo, não compensa!

Apaixona a mente, mata o coração,

Atravessá-la é fácil, é ilusão...

Seus encantos parecem irresistíveis,

São mesmo na verdade impossíveis...

Não é preciso ser cego para passá-la,

É preciso querer estar para encontrá-la...

Suas alegrias, instantes passageiros...

Falsa, torna os sofrimentos verdadeiros...

Tudo o que traz muito mais cobra

E decepção e dor o que nos sobra...

Ninguém colhe de seu jardim, flores,

Pois só há espinhos e suas dores...

Escravos o nome que ela nos dá,

E o pior, nós quisemos estar lá...

Ao homem habitar nesse triste mundo

É chegar ao topo do mais profundo...

É como estar num poço, tampado,

É trocar o certo pelo errado...

Essa porta não tem sequer consolo,

Por isso não entre nela, não seja tolo...

Sua fragilidade a mentira da mágica,

Ela conduz do prazer à certeza trágica...