TEMPESTADES LÍRICAS
Corações incautos,
Flâmulas de tempestades líricas,
Versos céleres, tristonhos, altos,
Sonhos em paixões oníricas,
Onde estarão nos sobressaltos
De uma alma tão complexa quanto o tempo ?
Ah, paupérrimos corações incautos,
Nas estações anômalas de breve vida,
No leve surto que convida os vulcões, planaltos,
A velejarem sós no verso que elucida
Ideais, segredos, sonhos sós, contraltos...
Não sei, não sei de corações ilesos,
Assim tão suscetíveis às peripécias sós
De uma vida intrépida que os faz tão presos
À tempestade crua desses tantos nós
De sentimentos como amálgamas dos indefesos...
Tampouco sei guiar os corações vorazes,
Só sei amar como esfinge nas profusões da vida
Mas como a dor me atinge em doses tão loquazes,
Não sei quais vozes me dirão na lida
O que fazer de um coração nas ilusões mordazes,
Nas intempéries que a alma só convida
A naufragar na vida, sem dizer mais nada...
Ah, perplexos corações na estrada,
Tão desconexos como sós redemoinhos
De paixões vorazes que o amor nos brada,
Sem fazer as pazes com seus tantos ninhos
De dores trôpegas, entre tudo e nada.
Por isso, quero apenas e nada mais
Escrever, com esmero, o que vier na alma,
Na pessoa que me resta procurando paz,
Como quer meu sonho, no amor, sem calma
E como vier na palma de um coração loquaz.
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