Vir a lume
Vir a lume
Há incongruências pululando
Muita coisa ainda ignota
Não obstante alguém explorando
o fugidio desase em uma gota
O papel tudo aceita
mas nem tudo que vem a lume
e o calígrafo enfeita
terá no estro sábio nume
Tudo o que for aventado
qualquer tema surgente
Há de ser demonstrado
para ser concludente.
11/01/2018
Pensamento atinente ao poema:
Muitas vezes aceitamos o que está escrito, sem qualquer ponderação. A letra nem sempre expressa a verdade, com a fidedignidade que deveria ter.
Refletindo sobre as leituras, o que é escrito e o que realmente podemos tirar de proveitoso no que lemos e o que é somente palavras vazias de sentido e significado.
As palavras terão que ter entusiasmo ou espírito, fagulhas ígneas da alma do próprio escritor, portanto, fragmentos do seu próprio espírito. Do contrário serão palavras fugazes, sem alma.
Palavras são formas de comunicação, a mensagem que reflete a ideia em si, mas não a ideia em si, assim como o pensamento é como um receptáculo para a consciência e não a consciência em si. Ambos não são a coisa em si, mas refletem algo do que é em si.
Talvez reflitam de forma imperfeita, incompleta, distorcida, mas refletem.
Quem escreve sabe o que está escrevendo e porque está escrevendo, ou deveria saber. Quem lê interpreta ao seu talante, conforme seu entendimento, mas não conseguirá se imiscuir no todo do pensamento daquele que escreveu.
Qualquer texto, sendo ele de cunho religioso, filosófico ou ideativo terá ao menos um parágrafo que suscitará discrepância e, por conseguinte, dúvida sobre a validade do todo. Mas talvez não invalide o essencial.
Um exame acurado deve ser feito sempre depois de qualquer leitura. Não levar nada à letra. Não ser demasiadamente crédulo.