Eu, mar
Agora é preciso parar e estancar ferimentos abertos
É hora de suspensão para me curar tanto quanto posso
Preciso da calma do mar dentro de mim amenizando dor
"-Traga seu mar para dentro de você..."
As minhas tintas e pinceis charmosos estão me atraindo
Há muitas telas em branco exigindo urgente atenção
Trarei o meu mar para dentro de mim agora
Trarei todos os mares para me enfeitar de água
Lembrar-me-ei que não sou a feia na sua vitrine embaçada
Em nenhum instante pertenci a outra pessoa, pessoa
Não aceitei a acusação absurda de amar, mas fui acusada
Não aceitei a morte daquele ser que permanece rastejante
Não perdi amigos nem de anos, meses, dias e nem horas
Não é possível perder aquilo que jamais possuí, eu sei
Que a dor seja vivida até que finde e me traga paz
A ausência de reflexo no espelho é um alerta
Olho para o chão tão gasto por passos tão trôpegos
Vejo as marcas no solo e percebo o caminho em círculos
O teor é solitário e é na solidão que equalizarei
Vou somar minhas perdas e subtrair o que foi equívoco
Mesmo ciente do resultado, é um ato simbólico eficiente
As letras estão em desordem após o uso num excesso volátil
É prioridade dar tempo para o realinhamento satisfatório
O momento é de trazer meu mar para dentro de mim
Então serei água em todas as suas formas, cores e sabores