Jejum
Jejum de conversar sobre como você está
De querer te perguntar o que é que há
De querer saber o que é que será
Jejum de ouvir apenas o que quero
De fazer contas com a tabuada do zero
De fazer piadas em um tom friamente sério
Jejum de atuar para todos olharem
De explicar simples para todos gostarem
De tentar ser bonita para todos me amarem
Jejum de arriscar para muito ganhar
De tudo perder para poder suplicar
De muito pedir para nada agradar
Jejum de fazer as coisas do meu jeito
De me arrepender do que poderia ter sido feito
De tentar me adequar (ou limitar) a estranhos conceitos
Jejum de esperar o que nunca vem
De pedir tudo a quem nada tem
De querer prender aquele que me fez refém
Jejum de sonhar após do sono acordar
De querer a realidade pela fantasia trocar
E a vida de verdade para o futuro postergar
Estou saindo, aos poucos (de repente)
Estamos todos loucos (toda a gente)
Nascemos todos soltos (praticamente)
Fome delirante de viver erradamente
De chorar sorridente e matar humanamente
Pecar pelo excesso, guardando o excedente
Sede de perdão e de vingar nosso irmão
De ser santo e ser demônio ao proferir nosso sermão
E condenar o inocente e a ele suplicar por perdão