Como se constroem poemas
Crônicas e poesias
Como são construídas?
Mortes e vidas
Como são destruídas?
Perdas e feridas
Como são sentidas?
Chegadas e partidas
Como são recebidas?
Construo poemas como recebo visitas
Que não conheço a não ser de vista:
Escrevo, digo que conheço, mas não me lembro.
Não encontro sentido em vocabulário rico
Talvez seja o indício do vício do perigo
De que fazem três meses que ainda é setembro.
Simples palavras, palavras básicas, do povo, de mim
Se procurar no dicionário, as palavras não têm fim
Então me resigno a usar apenas as que compreendo.
Alguns textos e pensamentos são demasiado compridos
Mas são apenas reflexos do cotidiano superficial e corrido
Reflexões de coisas minhas, sem importância, que enfrento.
Se me perguntarem, não me lembro dos meus poemas
São apenas humores bons e ruins de miseráveis dilemas
E algumas impressões de lugares que frequento.
Mas, às vezes, não me lembro de simples palavras
E também posso, às vezes, usar palavras trocadas
E depois ainda tenho que fazer algum remendo.
Mas é de coração e de aspiração a um texto gostoso
Que uso sentimento e razão para um narrar prazeroso
De sentir a dor alheia e alimentar a reflexão... é tudo o que pretendo.
Uso as palavras, mas os homens se tornam escravos dela
Uso todas elas, mas tenho algumas que me são prediletas
E, a cada vez que vivo elas, mais os significados vão crescendo.
Não me lembro como escrevi cada poema
Mas, não me esquecendo, não tem problema
É algo que se vai sutilmente materializando e simplesmente acontecendo.