Mudo e mudo sempre
Porque é imperioso mudar
Recriar física e química
Explicar em simples cálculos,
As variantes da incompreensão.

Mudo porque sei do limite
Que assombra toda rebeldia.
Retorço consciências
Sofro
A dor que faço doer.

Não lamentarei minha ausência...
Não fui jamais presença
Nesta fotografia de 1987.
Parto porque me fascinam as curvas
Os desastres
As festas e as vítimas.

Partir e mudar em tantos mais
Do outro lado do espelho
Que esconde minha idade.


Parto porque não fico
Mudo porque não sou
Não fico porque sigo
Mudo porque não sei.

Qualquer dia
Escreverei umas linhas
Certas
Tortas
Divinas
Mínima luz que clareie
A eterna penumbra deste cinema.


OBS.: Texto escrito em 1987.