Sobretudo

Cansado do medo,

o medo de ser gente,

exausto do pó,

poeira de estrelas e procissão,

o bicho do mato

serpenteia atônito ante o sabor do mundo.

Amores,

seios tantos,

beijos tantos,

mentiras embebidas em saliva,

promessas vomitadas em versos,

olhar receoso de quem descobriu o

que enterraram há muito.

Não entristece, menino,

que os dias são assim mesmo,

cinzentos de vida

pelo olhar de quem destrói.

Sobretudo.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 25/10/2017
Código do texto: T6152881
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