Sobretudo
Cansado do medo,
o medo de ser gente,
exausto do pó,
poeira de estrelas e procissão,
o bicho do mato
serpenteia atônito ante o sabor do mundo.
Amores,
seios tantos,
beijos tantos,
mentiras embebidas em saliva,
promessas vomitadas em versos,
olhar receoso de quem descobriu o
que enterraram há muito.
Não entristece, menino,
que os dias são assim mesmo,
cinzentos de vida
pelo olhar de quem destrói.
Sobretudo.