PENSAMENTOS DE UM CÃO
Estou aqui neste banco
jogado sem rumo
Sofrendo por tudo
Olhando para o nada
Ai que saudade de minha casinha
E de minha varanda
De lá eu via a rua, e crianças nela a brincar
E quando alguém batia palmas em meu portão
A como eu corria só para esse alguém não entrar
Eu cuidava tudo sozinho
E se deixasse eu até mordia, e queria encarar
Quantas noite eu passei acordado latindo
Tomando conta da casa
Enquanto meus donos viajavam
E não me levavam, por eu ser grande demais.
Que saudade do meu tempo de criança
Todos me davam amor, era colo toda hora
Afagos em meu pelo, carinho e muitos beijinhos,
Se eu chorasse um pouquinho
Sempre tinha alguém que com jeitinho
Acalmava meu coração
Nunca me deixaram brincar nas ruas
E hoje sem dó e sem pena, nela fui jogado
Antes eu via da varanda, as ruas sombrias
Hoje das ruas sombrias
Eu vejo minha antiga varanda cheia de alegria
E nela não me deixam mais entrar
Hoje sinto fome e frio, vivo sem alegria só faço chorar
Hoje aqueles que me davam carinho
São os mesmos que me deixaram sozinho
Por eu ser agora velhinho
E por não poder mais andar
Hoje jogado nas ruas, durmo de dia
Esperando que a noite, a morte venha me buscar.
Dizem que eles não pensam, mas de uma coisa tenho certeza
É a de que ele tem sentimentos
E que mesmo sendo maltratados e jogados nas ruas
Pelos donos, mesmo assim ainda são capazes
De amar a quem lhes fizeram mal
Escrevi essa poesia para que neste ano
As pessoas tenham consciência
De que todo mal por ela produzido
Terá reflexo em sua vida
Escolhi esse tema porque penso eu que não
A mal maior que fazer mal aos que de nos dependem
Que são os animais as crianças
e os idosos