Silêncio
No fundo do doce há um quê de fel
Na essência do sonho há pesadelo
No encantamento há um desencanto
Na proximidade há uma distância
No querer também há resistência
Na brincadeira há seriedade doída
No querer de repente há desistência
Na realidade despida há realidade nua
Impossível fugir do que já é um fato
Não dá para escapar do que se instalou
Há o tempo para aquietar no silêncio
Um silêncio denso e às vezes insolente
Caminhando por caminhar, hora de voar
Há hora de chegar, de estar e partir
Voar só, sobre as entranhas estranhas
Só existirá pouso se existir um saber
No saber não está implícito aceitar
Aceitação nem sempre é irremediável
Algumas vezes há opções bem inválidas
Muitas vezes há saídas emergências
Desistência não é só incompetência
Às vezes, desistir requer intrepidez
Hora de partir e agora serve para nós dois e não ficarás triste, não mais. Nada se sobrepõe a verdade, nada.