Extinção

Aos céus as mãos lancemos

E o mal a bailar apanhemos

Lavemo-nos em rios de desonra

E compartilhemos com a escória

O ar que respirar não queremos

Cavalgávamos em deleites:

Eras de desfaçatez e arrogância

Lambusávamo-nos, orgulhosos

Em sucessivos erros e sordidez

Cumpre-nos exibir desossados enfeites

O mal baila no ar:

Em prêmio, resta-nos ímpar desolar

Da carne o limite, ordem foi testar

Acossar o lobo no próprio uivar

No calor de Dante, pecados a ignorar

Vagando desumanos, decadentes,

Névoas nucleares a nos envolver

Pesa a mão de Judas, turvo rejeitar

Outrora, êxtases flamejantes,

Hoje, cálices de lagos incandescentes

Formação disforme em decrépitas fileiras

Mais um furacão de almas moribundas

O alto preço enfim bate à nossa porta

Prisioneiros sob açoite de Caronte

A morte preferindo a amargar nessas coleiras

Vendilhões de bilhetes da destruição

A terra tanto nos deu, suprema deusa

Mas reversa devoção lha devolvemos

O pão, em veneno transformamos

Agora sufocamos, carne lacerada, decomposição

Isaque
Enviado por Isaque em 03/10/2017
Reeditado em 17/12/2022
Código do texto: T6131559
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