Extinção
Aos céus as mãos lancemos
E o mal a bailar apanhemos
Lavemo-nos em rios de desonra
E compartilhemos com a escória
O ar que respirar não queremos
Cavalgávamos em deleites:
Eras de desfaçatez e arrogância
Lambusávamo-nos, orgulhosos
Em sucessivos erros e sordidez
Cumpre-nos exibir desossados enfeites
O mal baila no ar:
Em prêmio, resta-nos ímpar desolar
Da carne o limite, ordem foi testar
Acossar o lobo no próprio uivar
No calor de Dante, pecados a ignorar
Vagando desumanos, decadentes,
Névoas nucleares a nos envolver
Pesa a mão de Judas, turvo rejeitar
Outrora, êxtases flamejantes,
Hoje, cálices de lagos incandescentes
Formação disforme em decrépitas fileiras
Mais um furacão de almas moribundas
O alto preço enfim bate à nossa porta
Prisioneiros sob açoite de Caronte
A morte preferindo a amargar nessas coleiras
Vendilhões de bilhetes da destruição
A terra tanto nos deu, suprema deusa
Mas reversa devoção lha devolvemos
O pão, em veneno transformamos
Agora sufocamos, carne lacerada, decomposição