Vestido florido
Leio frases e as compreendo
Nem há entrelinhas, estão claras
Um pesar teima em querer estar
Queimo verdades que não viram cinzas
Há tela em branco e tudo pode ser
Ouvidos aguçados à toa se cansam
Ternuras são dadas para outra dimensão
Tempo gasto no impossível desejado
Delicadezas e desejos inúteis doados
O falsamente impossível impera soberano
Lançado no vazio tudo que construí
Importa o que não se tem a disposição
O que parece disponível sempre, não é
Aquilo que se crê ser dono é tolice
Quanto à mim, jamais fiquei ao dispor
Não sou propriedade de senhorio algum
Escolhas... Opções surreais insistem
Mergulho em mim e me encontro toda
Observo meu desalinho e conclusões
Nada de novo, apenas a mesma sequência
Olho meu orquidário sempre devastado
É da minha natureza resgatar escombros
Adormeço sob meu lindo vestido florido
Amanhã é outro dia e pode ser inédito
Amanhã pode ser continuação de hoje
Seja como for, há meu vestido florido
As flores do meu vestido costumam voar
Deixo que elas se vão, não sei se voltam
O melhor quando há regresso é as mudanças
Continuamente conhecerei novidades
Sempre poderei adormecer sob o tempo
Posso dormir vestida de flores ou nua