Cisco e ventania
A poesia do verbo amar só morre quando deixamos de existir, há um espaço a ser preenchido entre ser e não ter para o quê ser.
Os homens buscam perfeições, lugares altos e se esquecem que são nos lugares baixos que existem as pérolas da perfeição.
Independer de coisas revela a dependência do semelhante, como uma planta pedindo água. O tempo vai passando e vamos enxergando além da superfície, nos lugares mais baixos.
Somos um cisco prestes a voar para além de nós mesmos. As coisas ficam e a essência permanece troncosa e resistente. Quem não pode enxergar abaixo ou acima da superfície se anula numa esperança morta.
O buraco da existência tem um autor chamado orgulho. Quando ele se quebra se transforma numa ventania pronta a acontecer e limpar.
Viver é preciso, assim como se transformar nem que seja à força também. O vento sempre passa e o cisco fica por aí, procurando novos motivos, novos rumos.
Qual o segredo?
Nenhum. O segredo é decidir ser cisco e ventania. Um depende do outro como a terra e a água. Viver sem as duas coisas seria falta de amor a si mesmo. São necessários!