Terra Mãe *

Terra Mãe,

olhando-te deste grão de areia que sou em ti,

vejo-te ser dilacerada

por seres sem capacidades de compreensão

de que a cada corte de uma irmã árvore,

a cada incêndio,

se perdem seres de grande altruísmo...

Lamento teus filhos que partem

e se extinguem para todo o sempre...

A cada dia que passa

vejo em ti o desespero

de já não conseguires conter

as doenças que em ti criamos...

Somos as tuas crias

mais destrutivas e sem rumo...

Desconectadas de nós mesmas e,

sem percebermos, de ti...

Alguns com egos de gigante

almejam apenas o poder

dessacralizando em ti

tudo o que em ti é sacro.

As tuas ondas

choram para terra os seus males

e as tuas entranhas sacodem

e causam-te dor à superfície.

Terra Mãe,

esta filha chora

com todos os teus filhos

que choram por ti...

Muitos corações

se enchem de tristeza

ao contemplarem

tudo aquilo que te destrói...

Tentamos sarar-te as feridas...

Mas elas são tantas...

E outros tantos

lambuzam-se em ti

com palas nos olhos

e com o pensamento emparedado,

não querendo aceitar

que o Futuro passa também por eles...

Se a cada acção existe uma reacção,

continuaremos a teu lado...

Nos bons e nos maus momentos...

Tentaremos alcançar o Futuro

de quem chegou apenas hoje.

Luena dos Reis
Enviado por Luena dos Reis em 22/09/2017
Reeditado em 03/09/2021
Código do texto: T6122081
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