Terra Mãe *
Terra Mãe,
olhando-te deste grão de areia que sou em ti,
vejo-te ser dilacerada
por seres sem capacidades de compreensão
de que a cada corte de uma irmã árvore,
a cada incêndio,
se perdem seres de grande altruísmo...
Lamento teus filhos que partem
e se extinguem para todo o sempre...
A cada dia que passa
vejo em ti o desespero
de já não conseguires conter
as doenças que em ti criamos...
Somos as tuas crias
mais destrutivas e sem rumo...
Desconectadas de nós mesmas e,
sem percebermos, de ti...
Alguns com egos de gigante
almejam apenas o poder
dessacralizando em ti
tudo o que em ti é sacro.
As tuas ondas
choram para terra os seus males
e as tuas entranhas sacodem
e causam-te dor à superfície.
Terra Mãe,
esta filha chora
com todos os teus filhos
que choram por ti...
Muitos corações
se enchem de tristeza
ao contemplarem
tudo aquilo que te destrói...
Tentamos sarar-te as feridas...
Mas elas são tantas...
E outros tantos
lambuzam-se em ti
com palas nos olhos
e com o pensamento emparedado,
não querendo aceitar
que o Futuro passa também por eles...
Se a cada acção existe uma reacção,
continuaremos a teu lado...
Nos bons e nos maus momentos...
Tentaremos alcançar o Futuro
de quem chegou apenas hoje.