MENINO QUE VAI SOZINHO


Menino que vai sozinho,
perambulando, "sem chão",
sem direção e sem "nome",
mas sentindo muita fome
de amor, de carinho e pão...

À luz da vida lhe deram,
como fosse coisa vã,
prá depois lhe abandonarem
como "coisa", descartarem,
dando - lhe vida malsã...

Seu teto é o céu azul,
sua luz são as estrelas
sua cama é a calçada
sem travesseiro, orvalhada,
de cobertor, nem esteiras...

Desse destino que tem,
procura sempre a razão,
não lhe responde, ninguem...
lhe dói muito o coração,
pois sente emoção, também...

Como qualquer ser humano,
prá dor procura um refúgio...
pelas drogas dominado,
se torna discriminado,
de todos sente o repúdio...

Quem salvará as crianças,
por todos, abandonadas,
lhes transmitindo esperanças
de ter suas vidas mudadas
das borrascas pra bonança?

Nenhuma mão estendida,
nenhuma compreensão...
chora sempre às escondidas
e ninguém ouve seu pranto
por querer mudar de vida
e ver a morte vir de encontro...

É o descaso do povo,
de um governo irracional
que vê como natural
que um menino de rua
viva de forma tão crua...
viva como um animal!
Arianne Evans
Enviado por Arianne Evans em 19/10/2005
Reeditado em 19/10/2005
Código do texto: T61214