Atuação

Meus textos estão embriagados

São vergonhosos

Não tem moralidade

Porque estão sempre a falar

Sobre o mar

De merda que estamos afundados

Enquanto escrevo

Bebo

Enquanto eu penso

Morro

Enquanto leio

Bebo de novo

No desgosto do parecer

E ser

Em discurso aquele que põe a mão no bolso

Treme, e gagueja

Esquece as falas e hesita

E quando termina lembra

Compara

Em um momento tudo estava bem

No seguinte

Já era

Se foi

A única oportunidade

Não teve outra opção

Seu perfeccionismo e sua vontade

Pela qualidade

Desnecessária

Tornou-se

Seu próprio vilão

Ladrão de sonhos

E anseios

No meio da metade

Eu quis cortar no centro

Esse tormento

Que me provocou

Uma dor de cabeça

Aguda

Durante

O pouco que restou

Porque

Pra mim nunca bastou.

- Gonçalves