Meus erros
Eu sou a decepção em pessoa, caminhando vago em pleno amanhecer
Em meio a garoa, aqui eu vejo tudo acontecer
Com a razão e o porquê, cansado, eu me iludi
Assistindo de camarote meu castelo se destruir
Não derrame lágrimas por mim, se pá, eu nem mereço
É que daqui da chuva agora, vejo algo que eu almejo
Com ódio, de saco cheio, dessa monotomia,
Estupro, arma, drogas, e o porte de cocaína
No sangue adrenalina, e o coração acelerado
Estica, acende puxa, muita calma aliado
O fim sempre é trágico, agora mais um desarme
Vitima genocida, da guerra do crack
Em meio a tudo isso, minha parcela de culpa
Eu que vendia a droga, cocaína, chá e dura
E agora que percebi, agora que eu notei
Com tanta droga que vendi, quantos eu matei?
É foda ver que participei, de algo assim
Da guerra das drogas, que tanto tentei fugir
E agora eu me encontro aqui, sem razões pra reclamar
Isso foi o que colhi, não soube como plantar ...
Tive várias mulheres, com as de fé eu ramelei
Dei atenção pras vagabundas, uma das veiz que me ferrei
Minha mente me sabota, me atordoa os pensamentos
Lembro de cada erro, que trouxe vários ensinamentos
Nisso ai que me contento, pra sair desse sufoco
Aprender com cada erro, pra não fazer de novo
Lutar com a minha alma, vai ser melhor assim
Em cada oportunidade, vou dar o melhor de mim!
Cada erro uma ferida, e eu to todo ensanguentado
Desmartelado da cabeça, em meio ao caos to rodeado
Nas minhas pernas o cadeado, que me prendem a corrente
Que me faz ficar parado, e não conseguir olhar pra frente
Se eu faria diferente? Não sei responder direito
É que no fim vai me fazer bem, aprender lidar com os meus erros
E dar a volta por cima, fazer dessa, uma vida boa!
No almoço da familia, ser o sorriso da coroa
Que aliviada vai respirar, e agradecer a Deus
Por toda essa mudança que seu filho se sucedeu
Vai poder dormir em paz, e com ela vai viver
Sem a insegurança de na rua o filho morrer
Eu sei que dei decepção, desde a época da escola
Não queria saber de nada, meu barato era jogar bola
Um mlk de favela, alemão, pretin de sol
E eu falava ali pra ela ''vou ser jogador de futebol''
Mas a vida traiçoeira, mudou de forma trágica
Aos 12 era só bola, aos 14 bala de borracha
Correndo na avenida, com medo dos gambé
Que te tortura até a morte, sendo homem ou mulher
Eu queria ser mais, sempre sonhei com luxo
Mas não imaginaria que acabaria com a mão no tuxo
Naquela mesma esquina, vish, sem esperança
Onde tava os mesmos caras que eu tinha medo quando criança
É triste o final, de uma vida pertinente
Na guerra do tráfico, eu sou mais um sobrevivente
Igual a outros milhões, de brasileiros suburbanos
Que escondem suas frustrações por debaixo do pano
Esse é apenas um desabafo, de um mlk de favela
Crescido ali na rua, entre becos e vielas
Com ódio até na canela, olha só pra você ver
Pena que a minha vida, é matar ou morrer