Onze horas

Dormi a canseira dos dias que ainda virão

Embriagada pelas horas dessa vil solidão

E por essa falta amanhecida, amanheci...

Poemas perfumados de tristeza, eu teci

Nesse egoísmo mais sincero, dessa gula

Que acusa, tortura; estômago embrulha

Na vida repleta de ausência que regula...

Cada verso meu, cada passo teu; fagulha

Que vai queimando o poema de outrora

Vai purificando esse momento; o agora

Vai libertando as mãos, e aprisionando...

Coração que vai semeando, pranteando.