Indomáveis Mãos...

Quis a mão, solene,

reescrever-me, o futuro.

Desobediente,

quis saber de mim...

Rabiscou poemas,

nas folhas do outono.

Silabou fonemas,

sobre pergaminhos...

Devotou-me a escrita,

como falsa herança,

qual tornou-se sombra,

do meu existir.

Desenhou paisagens,

presas às lembranças,

como se o passado,

fosse ressurgir...

Venerou meus sonhos.

Transformou-me em Ídolo,

cuja história rude,

nunca escrevi.

Fez-me um frágil Mito,

pelo amor erguido,

que as ondas mais fortes,

teimam destruir.

Mãos indomináveis,

não flagelem o Ego!

Deixem-no sereno,

contemplando a lua...

Pois meu Ser, insano,

abriga uma alma nua,

que minha mão enfrenta,

escreve e perpetua...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 18/10/2005
Reeditado em 18/10/2005
Código do texto: T60682