Indomáveis Mãos...
Quis a mão, solene,
reescrever-me, o futuro.
Desobediente,
quis saber de mim...
Rabiscou poemas,
nas folhas do outono.
Silabou fonemas,
sobre pergaminhos...
Devotou-me a escrita,
como falsa herança,
qual tornou-se sombra,
do meu existir.
Desenhou paisagens,
presas às lembranças,
como se o passado,
fosse ressurgir...
Venerou meus sonhos.
Transformou-me em Ídolo,
cuja história rude,
nunca escrevi.
Fez-me um frágil Mito,
pelo amor erguido,
que as ondas mais fortes,
teimam destruir.
Mãos indomináveis,
não flagelem o Ego!
Deixem-no sereno,
contemplando a lua...
Pois meu Ser, insano,
abriga uma alma nua,
que minha mão enfrenta,
escreve e perpetua...