O NEGRO VISTO ACOLÁ

Eu nunca estive lá.

Ver ela! Claro que vi,

Em sonhos, imaginações,

Em versos de canções,

Mas juro para ti,

Eu nunca estive lá.

A pele? Aaahhh que pele!

O cheiro? Aaahhh que cheiro!

Cabelos? Nem te conto.

Os olhos? Nem te digo.

Portanto, meu amigo,

Eu nunca estive lá.

Há quem diga que fui eu,

O negro visto acolá.

Te juro, não era eu.

Eu nunca estive por lá.

Tinha a pele bronzeada,

Cintilava à prata da lua,

O corpo em voltas e nua.

Mas eu nunca estive lá.

Comentam por todos os lados,

Cochichos em todo lugar,

Bares, motéis, botequins.

Que viram-me afortunado,

E ela ao pé de mim,

Conversa sem procedência.

Julgam-me com insistência.

Eu prezo minha decência,

Eu nunca estive lá.