Marginal do Diálogo
Um mundo cheio de gente
Gente igual a gente
Igual a gente igual...
Paro no caminho pra qualquer lugar
E fico lá,
Sozinho.
Lá é meu paradeiro
Meu lar é o seu caminho
Olho por entre frestas, venezianas
Gretas, fechaduras, ralos
E vejo suas vidas sem ser visto.
Vivo as margens do seu mundo
Sou a moldura do seu retrato
Falado por alguém
Mãe, pai, espírito santo
Nem sempre amém.
Sou marginal do seu mundo
Mas não mudo, sou mudo
Pois me recuso a falar
De vidas mortas, de fatos fúteis.
Meu silêncio diz
O que seus avós não contaram
E que suas cordas vocais jamais vibraram
E que sua mente jamais saberá
Pois seus olhos não vêem meus pensamentos
E sua voz censura o meu calar.