Frio

Nesse frio, puxei um fio, e a poesia veio,

Tremendo e tecendo, não parei no meio;

E o novelo, com todo desvelo, acabando,

A lavra em palavras, enfim, terminando...

E a peça, sem pressa, foi se formando...

Cores, tintas e dores, assim aquarelando,

O coração, então, aos poucos se alegrando;

Bordou pássaro, raro; e temporal passando.

Dando lugar ao arco-íris, e tua íris brilhante,

Refletia imagem, em friagem tão constante;

Agora é aquecida, esquecida nesse instante,

Na poesia tecida, esculpida no frio congelante.