O LÁPIS E A BORRACHA
Naquela noite escura
Pensei numa poesia pura
E comecei a escrever
O que o lápis podia ver.
O lápis namorava
E muito rabiscava
As virgens letras do alfabeto,
algumas destas com o tom bem aberto.
Em meio à madrugada
Surgiu uma empregada
Que, sem pena, apagava
O que eu imaginava.
Tudo o que o lápis escrevia,
Somente eu quem via,
Pois havia uma borracha
Que não deixava mancha.
Nesse torpe programa
Meu caderno via o drama
Do lápis em não registrar
O que a borracha não queria mostrar.