Pânico

O coração bate mais rápido do que as sinapses

A mão treme no ritmo do pandeiro de samba

Os pulmões contraem e relaxam mais vezes do que as asas de um beija-flor

A unha, mais comida do que prato gourmet de bistrô

O controle já foi perdido faz um tempo

O desespero de não saber o porquê agoniza mais que uma aranha

A escuridão cobre a visão periférica como cobre os morcegos à noite

As lágrimas escorrem lentamente, como rios sem foz

E depois

Para.

Depois de horas

Mas para.

E quando menos se espera

Quando aquela pessoa te olha de jeito diferente

Ou quando essa senta de um jeito diferente,

Começa de novo

Como se estivesse prestes à explodir em qualquer momento

Preso na garganta

Preso no peito

Como um leão preso numa jaula

E depois,

Para?