Saudação aos Prazeres
Inutil cantar a imensa tragédia do mundo
Oculta sob a brisa de verão que nos afaga
Sabe-la presente e a espreita desses corpos
E almas, que as vezes doce gozo embala.
Inutil perante o fogo do desejo evocar a norma
Moral, quando a jovem carne ordena e alicia
Em redondos pomos move-se o prazer
Uma palavra ousada basta para abrir a concha.
Gozemos a vida em flor alheios aos cuidados
Ignoremos o gemido doloroso do vitimado
Maior pecado do que virar a face ao pranto
É renegar o pomo da vida ao ser oferecido.
Ondas suaves do tempo enchamescido
Aos eleitos renovam continuamente o gozo
Embalam em viração a trama dos sentidos
A saga sensual e o transbordamento lírico.
Passaporte de prazer nos fornece a chance
Senhor dos próprios tesouros,arremessa o dado
Que importa o silencio denso, a dor atroz
Gozemos da messe o que nos for ofertado.