Ao Pai

levanta-se a lente de cristal, expondo suas janelas,

se aproxima com um olhar confuso mas sorridente.

Contempla com suas pretensões constantes,

sem as expectativas agnósticas...

Por mais digno que seja o temor do velho pela verdade,

ele apenas sucumbirá enquanto a estiver protegendo.

Por mais imprescindível que seja a fuga dos jovens da realidade,

suas liberdades não serão alcançadas enquanto estiverem correndo.

...

Os dedos entrelaçados sobre as rugas de desilusões,

e os olhos escorregando das cavidades gastas,

protestam para o filho que corre sobre o muro:

"Mas não passam de classes de máquinas girando entre si!"

E traído pelas sombras e orações nostálgicas,

se apresenta uma queda bruta, transformada em degrau,

e sem qualquer dor evanescente, o filho brada:

"Enrubesce entre as raposas enquanto sangro entre as navalhas..."

Heitor Roman
Enviado por Heitor Roman em 14/05/2017
Reeditado em 30/05/2017
Código do texto: T5999136
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