Trilhos...

Ensurdeço-me, tal barulho dos trilhos,

Tal agudo dos avisos de cada estação...

Ensurdeço-me, enquanto cato os milhos,

A cada soar nos ouvidos de atenção...

Nada mais enxergo neste formigueiro,

E meu olfato se embrulha por completo,

Com este singelo rio, inteiro

De aroma vil, repleto!

Olhos cansados e rodeados

De mais olhos deveras cansados...

Alguns olhos jazem hibernados,

Outros tantos com tons avermelhados...

Perante os olhos, corre o tempo,

Mais e mais os tempos se vão...

E essa sensação que tenho

De que eles vão-se em vão...

A realidade tão absorta

Confunde-me em desatinos,

Abre-se e fecha-se a porta

E lá se vão os meus destinos...