Mundo

Mundo. Oh, mundo!

No submundo do mundo

eu não confundo nem espreito,

não tolero nem endireito

o que é de direito e que não tem jeito.

Mundo. Oh, mundo!

Eu, todo dia, me inundo

e arranco vísceras de mim

sobressaindo, assim, uma dor substancial.

Nesse revés de empreitadas modernas,

onde o tolo é sempre o mais esperto,

onde o esperto se faz passar por idiota,

a morada da saúde alheia e que serpenteia

por inanições circulares,

difunde cada respirar

e tamborila no peito

como um espelho

que reflete a máscara inversa

refletida na película da alma.

O mundo. Este mundo pede calma,

pede sala e alforria.

E, se não veste o uniforme contemporâneo,

veste os resquícios da ganância

inrustida na cabeça dos paquidermes

retirantes que caminham para o fim.

O mundo. Oh, mundo!

Não se molhe de mim,

Não repouse teu sono

nos sonhos de futuro.

Mundo. O futuro já foi.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 07/08/2007
Reeditado em 13/08/2007
Código do texto: T597133