Mundo
Mundo. Oh, mundo!
No submundo do mundo
eu não confundo nem espreito,
não tolero nem endireito
o que é de direito e que não tem jeito.
Mundo. Oh, mundo!
Eu, todo dia, me inundo
e arranco vísceras de mim
sobressaindo, assim, uma dor substancial.
Nesse revés de empreitadas modernas,
onde o tolo é sempre o mais esperto,
onde o esperto se faz passar por idiota,
a morada da saúde alheia e que serpenteia
por inanições circulares,
difunde cada respirar
e tamborila no peito
como um espelho
que reflete a máscara inversa
refletida na película da alma.
O mundo. Este mundo pede calma,
pede sala e alforria.
E, se não veste o uniforme contemporâneo,
veste os resquícios da ganância
inrustida na cabeça dos paquidermes
retirantes que caminham para o fim.
O mundo. Oh, mundo!
Não se molhe de mim,
Não repouse teu sono
nos sonhos de futuro.
Mundo. O futuro já foi.