Jogando com as palavras

De repente,

O sentimento escorre

Por entre os dedos

E em poesia se transforma.

Quando os olhos

Já cansaram de chorar

E a alma exausta

De se explicar;

Eis que ela surge.

Tímida, joga com as palavras

Uma espécie de jogo de azar,

Na qual se jogam os dados

E não se sabe se vai ganhar...

Ou perder:

O sono, a noite, a razão.

Penso nas palavras

Que deslizam pela tela

Como balizas na avenida,

Frente à banda

Abrilhantando o espetáculo.

Elas por vezes são

Feras indomáveis,

Prontas pra me devorar.

Outras, são a mão consoladora,

Que acalenta a alma.

Palavras ainda,

São tudo o que tenho,

Quando pareço não ter nada.