O eu que vos fala
O eu que vos fala
em versos desatentos e evanescentes
que permeiam no tempo e flutuam nas linhas
é um eu que sangra na ampulheta que nunca se acaba
gota por gota de desilusões e desafetos
amores que ascendem na imensidão dos desalentos cálidos
e viaja em asas atemporais
Esse eu que vos escreve
e que derrama um traço de si em cada letra
deixando para trás um rastro de “eus” que se perdem
em um caleidoscópio de reflexos de um jogo de espelhos
inevitável que se propaga a cada verso
desse conto narrado em vermelho
Oh o eu lírico que flutua acima das nuvens
e cata sonhos com rede de pesca
enquanto devora amores com uma fome inextinguível
sobrevive em um tempo que não pode ser medido
que não existe, mas perdura na imensidão.