Coração
No sul do corpo-ação,
No ar que brigo da flor-espinho...
Vive uma dor dormente que nem sente,
mas sabe o que é sentir .
Não sabe para onde vai,
não vai,
nem tem para onde ir...
Não tem um espaço
do tamanho do umbigo,
nem abrigo para onde pousar - não é de pouso.
E a mente avulsa que não é farça,
mas é vazio
- digo, é vazio,
e não vai - é vazio.
E quando o olhar dança,
a dor balança junto...
E tira a roupa da alma,
quando sente o não sentir...
Tira a roupa e sente,
o corpo coração
Soma a respiração,
e asma-me de sentir
corpo coração,
não tens para onde ir...
O corpo é relva mansinha,
e o coração sofre calafrios,
silêncios inebriantes...
olhos falantes que são cheios de pulsar,
abrem a boca quando olham,
e falam quando devem falar...