Cômodo vivo

Há algo crescendo na sala vazia

Ouço a pouca mobília a se afastar

Sons que há muito eu não ouvia

Ruídos singulares que parecem cantar

E sempre volto a contemplar a porta

A imaginar de que é o cheiro que sai de lá

É notável o quanto tal energia importa

Já que tem mudado os ares deste lugar

Estas paredes são vivas e eu as sinto

Algo crescente na salinha a comprimi-las

Familiar e ao mesmo tempo distinto

Que mesmo a gerar interrogações...

Capto nas sensações: vale a pena senti-las