CAMINHO SEM FIM

Cai a Chuva

Chora a cara

Cansado eu conto

Um Conto cantado

Chega o cansaço

Cem anos contados

Cultos companheiros

Covardes canalhas

Castigam o corpo

Comem a carne

Culpam-me condenando

Corroem-me no cárcere

Chego a chorar

Um choro calado

Como cavalo

Comi o capim

Como criança

Cresci sem carinho

Caminhei cansado

Certo caminho

Carroças carregadas

Cruzava-se nas curvas

Carreavam corpos

Conduzidos às covas

É o fim do mundo

É o mundo sem fim

Cai a cara

Chora a chuva

Cantando cansado

Um conto eu conto

Cem anos cansados

Chegam contados

Cultos Canalhas

Covardes companheiros

Castigam a carne

Comem o corpo

Culpam-me no cárcere

Corroem-me condenando

Chego calado

A chorar um choro

Como capim

Comeram-me os cavalos

Como sem carinho

Cresceu esta criança?

Caminhei no Caminho

Certo e cansado

Carroças nas curvas

Cruzadas carregavam

Carreavam as covas

Conduzidas aos corpos

É a vida sem cansaço

É o cansaço da vida

É o fim do caminho

É o caminho sem fim.

Nova Serrana (MG), 31 de maio de 1982.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 11/02/2017
Reeditado em 04/05/2017
Código do texto: T5908930
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