Afogada

Afogo-me em poesias

Eu que outrora bebia das fontes das palavras inesgotáveis

Hoje me embriago de verbos cujas ações não faço

Entorpecida de desejos não correspondidos

Ansiando a doçura das palavras nas páginas do livro certo

Meus poemas fracassados

São palavras tortas em linhas certas

Um tanto ao contrário de Deus

Mas afogo-me em poesias

Nas palavras de outros tantos,

Outros enquantos,

Outros instantes

O supra sumo dos dias estranhos

Em que a gente procura nos outros a mesma emoção folclórica que sente indefinível

Hora seca

Hora transborda

Hora árida

Hora inundação

Sou eu, retrato fiel da minha condição

Da contradição

Mas sou o que posso

Um pouco de tudo

Um muito de todo

De tudo aquilo que é capaz de se afogar em poesia

Afogo-me

Afogue-me

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 06/02/2017
Código do texto: T5904338
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