E a noite veio...

Alma inquietou, e acalmou o corpo

Amarelo do sol, e o vermelho do fogo

Vai compondo cada um do verso, torto

E vento que vai levando veleiro do porto

Vai formando a tempestade, redemoinho

Tromba d'água, e tudo vai, num desalinho

O verso e o verbo, cada qual do seu jeitinho

Vai mudando esse sentido, bem devagarinho

Removendo pedras, silêncios e nossas esperas

E construindo vamos, casas, albergues e taperas

Enquanto isso Terra vai girando, como uma esfera

Esperança de um dia, ovelha pastar ao lado da fera.