tetracampeão
imagina só se você fosse tetracampeão
ou, pior ainda, se só seus textos fossem apreciados;
que tristeza, melancolia, mesmice
– você ser a sua própria referência,
não ter que pensar na possibilidade
de que ninguém o lesse;
não ter que contar com o refúgio do anonimato
ou se cansar de um estrelato
que teria um aspecto de compulsório;
seria como andar de suspensório,
aquilo que só fica bom nos outros...
sob esse ponto de vista, a vida é democrática,
não importa que o leiam ou não,
às vezes é melhor que não
para que não o descubram ou pensem que conseguiram;
o melhor mesmo é poder escrever despreocupado,
sentado numa pedra em São Tomé das Letras
ou na sua quitinete de Guadalupe ou Ipanema,
chovendo raios de sol...