Meus sinos
Os sinos que habitam em mim
Não sacodem meu silêncio
Falo e estou muda
Mudo e não falo
Eu calo
Não é uma questão nobre
Nem pobre
É só silêncio
E o silêncio é só
É pó
Poeira do invisível
Que não deixa rastro
Nem aresta
Não deixa em paz
O que resta e sobra
Na memória o oco é eco
Sufocado no vácuo infinito
Tormento dos ignorantes
Amigo dos lúcidos
Que observam a relva
E deitam-se calmos sorrindo
Que pousam as mãos determinados
A tocar os sinos que habitam em mim
Mas que não sacodem meu silêncio.
Charlene Angelim.