Mataram-me

Mataram-me, infinitas vezes. Cheguei a acreditar que nada valia... Que eu era totalmente vazia.

Mataram-me, vezes incontáveis... Fracionaram-me e fui elevada em minha pequenez ao milionésimo... Reduziram-me, a nada vezes nada.

Mataram-me, quando ditaram as minhas palavras. Quando limitaram a minha inteligência... Quando emudeceram meus argumentos, dizendo não serem contundentes... Que nada diziam... Mataram-me, querendo ou mesmo sem querer.

Mas, um dia, acordei tomada por um amor exultante... Radiante... Tornei-me toda alma... Apaixonei-me por paisagens que antes eu não via... Hoje, não há o que seja capaz de me matar, porque me eternizei dentro da minha pequena vida... Chamo-me, POESIA.

Fátima Saraiva
Enviado por Fátima Saraiva em 23/12/2016
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