Adeus solitário

Mesmo se não tiver felicidade e nem

mesmo dor, ainda assim não lhe esqueceria.

A dormência não é para sempre.

Percebendo seu óculo me fintando,

pude desdenhar sua gratidão fúnebre.

Quão gesto de caridade me fez arranhar

e cortar a epiderme facilmente.

Escolhi e fui sem receio, você me viu,

mas nada fez, ao contrário, me negou.

Foi bom, foi salgado, foi amargo como

toda palavra que disse, que me ofereceu.

Mesmo perdendo a cabeça, e mesmo a tendo

poupado, ainda fico assim, dopado.

Sem muito o que arriscar, penso em ir para

algum lugar sossegado onde sua imagem

não mais me perseguirá.

Um belo adeus, então, seria este momento.

Ao menos soubesse que estou falando

de você há tanto tempo aqui rodeando e

calando na mesma praça coberta de aves,

tudo seria mais simples, sem Ares.

Fabiano Pirchiner Pimentel
Enviado por Fabiano Pirchiner Pimentel em 22/12/2016
Código do texto: T5860606
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.