Adeus solitário
Mesmo se não tiver felicidade e nem
mesmo dor, ainda assim não lhe esqueceria.
A dormência não é para sempre.
Percebendo seu óculo me fintando,
pude desdenhar sua gratidão fúnebre.
Quão gesto de caridade me fez arranhar
e cortar a epiderme facilmente.
Escolhi e fui sem receio, você me viu,
mas nada fez, ao contrário, me negou.
Foi bom, foi salgado, foi amargo como
toda palavra que disse, que me ofereceu.
Mesmo perdendo a cabeça, e mesmo a tendo
poupado, ainda fico assim, dopado.
Sem muito o que arriscar, penso em ir para
algum lugar sossegado onde sua imagem
não mais me perseguirá.
Um belo adeus, então, seria este momento.
Ao menos soubesse que estou falando
de você há tanto tempo aqui rodeando e
calando na mesma praça coberta de aves,
tudo seria mais simples, sem Ares.