O ESCRAVO

Acordou tão cedo hoje, já sendo chicoteado

Mas o que são mais ferimentos em meio a tantas cicatrizes...?

Ele não sentiu nada já estava anestesiado

Só se via o sangue em suas costas,

Nem sabia o quanto tinha apanhado

Ele servia a senhores maiores...

Mais ricos, poderosos,

mais perversos e mentirosos,

Exploravam seu medo, seu corpo e sua alma

E ainda se sentiam honrosos

"Explorai-vos uns a os outros até que o inferno chegue e mate todos."

O pobre escravo não pensava nem em céu nem em inferno,

Não importa se seria morto pelo Diabo ou salvo por Deus,

Sabia que viver era incerto,

E que iria na direção à que foi dado,

Só para proteger os filhos que são seus.

Ele mesmo assim sonhava com a liberdade

Juntar sangue azul com sangue vermelho

A harmonia do branco e do negro

E pensava como quem tivesse muita ingenuidade

O escravo já viu o próximo morrer de sede e fome,

Já viu povo matando seus irmãos,

Pais matando filhos,

Em quanto os donos do seu mundo continuavam rindo.

O escravo não sabe qual é a solução pra tanta desgraça,

Pobre escravo... não sabe que pensar nisso não leva a nada.

Caído no chão o escravo tira um espelho do bolço,

Enrolado em um pano,

Então ele mirou em seu rosto pra lembrar que é humano,

E no espelho ele se viu...

Chorou por lembrar de tudo que estava acontecendo

E assim ele foi adormecendo... até que não acordou mais.

Henrique B Souza
Enviado por Henrique B Souza em 17/12/2016
Reeditado em 27/07/2017
Código do texto: T5856094
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