Presságios
O amanhã ainda não raiou,
meus olhos estão pesados,
há uma tristeza solitária em mim,
ouvindo ao longe o silêncio dos esquecidos,
suspiro para uma lua que não responde minhas perguntas,
num céu de escuridão entre estrelas escondidas,
talvez seja apenas um presságio depressivo,
talvez a incerteza de tempos vindouros,
ou quem sabe somente o vazio do leito,
o frio de lençois sem uso,
contando as contas de um rosário,
tentando lembrar antigas preces,
deixando a lágrima rolar sem medo,
prendendo seu gosto salgado em minha barba por fazer,
tentando dedilhar no violão uma canção distante,
rimas de tons e melodias encadeadas em poesias perdidas,
o coração paralisado em uma vã esperança de retorno,
a alma despedaçada na frieza da ausência,
talvez seja apenas um agouro de um porvir melancólico,
talvez a indiferença de sentimentos enterrados na areia de uma praia...