Vã vida
Ah, esse eu tão desconhecido
Habita as manhãs,
As insônias
E as vidas,
Vãs vidas.
E os perigos
E as esquinas.
Eu tão desconhecido
Que atravessa noites sem fim,
Dorme,
Enfim.
Habita ali,
Escondido,
Aqui,
Estampado,
A doçura de cada amor,
Contado,
Rimado
Ou, quem sabe,
Apenas inventado.
Habita conversas,
Evita festas
Se entreolha no espelho:
Vê a mim.
Vê que me perdi.
Ainda que não me reconheça
Diz: menina, cresça!
Grite.
Faça em cacos esse reflexo
Aprisionado,
Desconexo.
Ah, esse eu tão desconhecido
Habita em mim,
Nos versos desse poema
De autoria
Desconhec(ida)
Nessa vida,
Vã vida,
Que se esvaz(ia)